O silêncio

Estar em silêncio nem sempre é fácil, mas as vezes é a melhor resposta que podemos dar aos outros e à vida, quando não também a nós mesmos. Permirtir-se calar diante de uma ofensa, permitir-se calar diante de uma frustração. Permirtir-se calar para refletir, para absorver, para responder.

Pode não ser uma tarefa fácil manter-se em silêncio diante de balburdias que ofendem nosso ego. Mas reconhecer-se tão vinculado a esse ego a ponto de ofender-se com algo que lhe é dito é bom, pois nos permite crescer. Nada como o autoconhecimento para nos guiar entre as estradas da nossa alma e nos mostrar no que vale ou não dedicarmos nosso tempo e nossa mente.

A verdade é sempre individual e muda de lado a lado. O lobo será sempre o vilão. A chapéuzinho sempre a vítima. Até que você olhe a situação pelos olhos do lobo. Quando me dizem que a verdade é uma só, me sinto obrigada a discordar. Mas reservo meu silêncio. Sigo refletindo. A verdade me parece uma só para quem a tem e uma só para outro alguém. Ainda sinto que é questão de perspectiva.

Assim como as ofensas que nos fazem, os pensamentos maldosos que têm a nosso respeito. A verdade que chega até nós não é mesma que temos dentro de nós. Nosso ego se ofende, se rebate entre as paredes de nossa mente, grita e implora para deixarmos que saia e mostre a sua própria verdade ao mundo. Inútil. Tentar convencer outrem de suas verdades, mostrar seu real caráter para alguém que já o assassinou com palavras e atitudes. Nada mudaria. De certo seu ego somente conseguiria provar o argumento que lhe ofendeu originalmente.

Lidar com críticas nunca foi fácil. Construtivas? Para quem as faz. Quem as recebe precisa estar regado na tranquilidade, na autopercepção e no autoconhecimento para conseguir filtrar e identificar o que de fato é útil naquilo que vem.

Mas, o silêncio. Ah, o silêncio. Ele nos permitir absorver, nos dá tempo para pensar, nos dá espaço para agir com cautela e da forma mais acertada possível. Nos permite refletir além das aparências. Nos permite a conexão com a alma, com o universo, com Deus, com cada partícula divina que existe em nós.

O silêncio sempre vence. Mais do que a verdade. Porque a verdade é dúbia, é enganosa, conflituosa e instável. O silêncio é poderoso, é correto, é presente, é perfeito.

Aos que me indagam, me criticam, me julgam, dedico o meu silêncio. Que neste mesmo silêncio eu sempre encontre forças para permanecer nele. Mente vazia, o silêncio tomando conta, o autoconhecimento se expandindo e a vida se mostrando cada vez mais bela. Enquanto o restante se mostra cada vez menos necessário e assim é. Somente o que é realmente importante e necessário passa pelos portões do meu ser e se instala em minha vida. O restante… em silêncio deixo partir e desejo uma boa viagem. Seu encontro consigo mesmo chegará, não adianta fugir assustado com suas próprias verdades. Boa sorte.

Em silêncio.

Autora: Thais Paolucci